quarta-feira, 4 de maio de 2016

UMA DE KALIMERO .

Há dias assim .

Andamos por aí, não encontramos ninguém conhecido,
não temos ocasião de dar à língua com ninguém .
Não que eu seja muito dado ao paleio,
e cada vez menos . 
À conversa fiada, o diz que diz,
mas é que o silêncio, às vezes, até assusta .

E se me acontece alguma coisa má,
como vou reagir ?.
Chamar o 112 ?
Chatear os vizinhos ?.

Bem sei que os amigos são para as 
ocasiões .

Por isso mesmo .

E se precisar de um pouco de apoio,
de um pouco de afecto,
num aperto inesperado ?.

Tenho muitos amigos fantasmas .

Já me habituei a deixar o telefone em casa .
Às vezes, até o desligo .
E já desisti de o voltar a carregar .
Assim fico mais à vontade .

Diz o povo, e com razão :

Socorro, que ainda estou vivo .

Ao que me respondem,

Deixa-te disso, 

tu estás é mal morto .