quarta-feira, 18 de maio de 2016

O MOCHO E A COTOVIA .

Sempre fui cotovia .

Acordava sempre muito cedo,
com medo que o dia fosse pequeno demais
e não chegasse para todas as brincadeiras que
me povoavam o pensamento .

Tanta coisa a inventar,
imensos segredos por descobrir,
Coisas e loisas a encontrar,
vivia num mundo de faz de conta .

Muito para lá da realidade .

Observava monstros, em vez de núvens .
Rostos humanos, nas manchas dos tectos .
Figuras mitológicas nas paredes velhas .

O que me passava pela cabeça .

Se fosse hoje, diriam que era uma criança  
hiper activa .

O que acontece,
é que não se pode quebrar as asas  da imaginação,
mutilar os impulsos da fantasia,
afogar os sonhos, logo à nascença  .

Para isso, temos as grilhetas da 
realidade .

Ainda hoje, não consigo atingir o óbvio,
mesmo que esteja descaradamente, mesmo à frente 
dos meus olhos .

Mesmo com a minha provecta idade
em que já devia ter juízo,
estou sempre aportado numa saudável meninice .
.