sábado, 7 de maio de 2016

UMA LIXEIRA À BEIRA MAR PLANTADA .

Talvez que não houvesse outra solução .
Talvez que tivesse de ser mesmo assim .

Uma vez varrido das teias de aranha imperiais,
era necessário Portugal reocupar o seu posto na
Europa .
(Não nos esqueçamos que, como da tropa, a antiguidade era um
posto) .

Tínhamos vivido a experiência da EFTA, Associação Europeia de
Comércio Livre, juntando as peças do nosso continente que não
foram escolhidas, ou que não quiseram alienar a sua independêcia
económica. 
a saber :

Reino Unido
Portugal
Suécia
Noruega
Dinamarca
Suiça
e Áustria,
( e mais tarde, a Islândia ) .

Ficava deste modo, assegurado o aprovisionamento de maquinaria
indispensável ao desenvolvimento da indústria nacional, 
bem como o escoamento dos nossos produtos tradicionais, como os
vinhos, a cortiça e a pasta de papel .

Portugal havia apostado, também, na manufactura de têxteis e cal-
çado .

Com a Revolução dos Cravos e a consequente perda do acesso à mão
de obra barata, e já sem ter a posse das matérias primas que nos che-
gavam de África, todo o castelo de cartas que era o nosso Império se
desmoronou . 

Tinha-se transformado completamente o nosso 
paradigma de desenvolvimento económico .

Não tivemos outro remédio senão deixar-nos coabitar com os povos
bárbaros do Norte da Europa, habituados a outro traquejo vivencial .

No princípio as coisas até correram bem,
inundados de dinheiro dos Fundos Comunitários, gasto à tripa forra,

desmantelados sistemática e criminosamente, a nossa indústria, a nos-
sa pesca e a nossa agricultura, queimados levianamente num Carnaval 
permanente, ficámos com a esperança de virmos a enriquecer à grande
e à francesa, com a miragem do turismo e dos serviços, os dois sectores
mais ameaçados pelas contingências conjunturais do humor dos merca-
dos, bem guardados no cú da galinha .

Obrigado, 

CAVACO,

pelo impulso criativo que legaste a este pobre País,

uma lixeira à beira mar plantada .
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