"Todas as cartas de amor são ridículas,
por isso é que são cartas de amor ".
Cada vez mais me custa a escrever, seja o que for .
Dia após dia, me começo a confrontar com o papel em branco,
ou melhor, com o écran apagado .
Já me cansam as palavras,
já pouco me dizem .
Por isso vou ficando cada vez mais calado, pois deste modo fico
menos exposto à contradita, à crítica, ao paleio oco, à necessidade
de me confrontarem, sempre que abro a boca .
A minha vida foi-se complicando mais e mais, quando emito uma
opinião, por mais singela, que seja sobre bola, sobre política, ou
sobre outro assunto qualquer .
Tenho medo das palavras, mas abomino ainda mais, o silêncio .
Triste dilema que me assola .
Mais triste ainda, se este cenário se apresenta no domínio dos ami-
gos, dos falsos amigos, ou dos que que se fazem passar por meus
amigos .
As cartas de amor não têm que ser ridículas, ou destituídas de sen-
tido, antes devem ser objecto de forte afecto, de sentimento e de ca-
rinho para quem nos ama .
Caso contrário,
é porque que a fonte do amor secou .
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