sexta-feira, 3 de novembro de 2017

O PRESIDENTE REI (cont.).

Caro Presidente Marcelo .

Voltemos então aos fogos,
que é o que está a dar .

Como é sabido e largamente propagandeado, o Senhor 
(desculpe a familariedade) é reconhecidamente um ho-
mem do Norte, das Terras de Basto, que vive paredes 
meias com a floresta e o meio rural, e um municipalis-
ta venerado .

Ora, trata-se de uma região pródiga em zonas de flores-
ta . 
Estará pois familiarizado com as problemáticas dos fo-
gos florestais e das razões que poderão conduzir siste-
maticamente, todos os anos, ás desgraças que atingem
as pessoas de mais parcos rendimentos e mais fraca ca-
pacidade de luta e resistência a tão graves atribulações, -
designadamente no que respeita ao lento estertor das 
comunidades campestres .

De onde surgiu agora o serôdio interesse (será uma pai-
xão doentia ?), pela tragédia que vem assolando o nosso
País, pelo menos desde que alcancei a idade da razão ?.

Não havia fogos lá na sua Terra?

Alguma vez andou a chamuscar-se a 
lutar contra as chamas ?.

O Presidente vem agora verter grossas lágrimas de cro-
codilo, a toda as horas, a todos os dias, sobre o leite der-
ramado ?.
Quantas

Conversas em Família 

dedicou ao tema, durante quase um década, espalhando 
o seu palavreado, que ia sabiamente doseando por todas 
as televisões por onde campeou ?.

Sabendo (ou desconhecendo ) a ingência de tão importante
problema na vida de milhões de portugueses, 
porque não acudiu ao País atempada e firmemente, tentan-
do valer a sua magistratura de interferência, fazendo ouvir -
a sua respeitada voz, conhecendo-se o estado de emergência
que estávamos correndo, e que foi largamente dado a conhe-
cer dentro e fora de fronteiras .

Mas o seu tempo de antena foi sendo gasto a sedimentar a 
sua previsível candidatura à batalha de conquista de um 
lugar ao sol, 

A Presidência da República .

.