Há quem consiga ver um cisco
no olho do vizinho e não consiga
descortinar um tronco no seu pró-
prio olho .
Enquanto se assiste a uma das maiores tragédias
humanitárias de que há memória, no coração da
Europa,
os dignitários europeus entretêm-se a discutir as
quotas do carapau e da sardinha, e os subsídios à
criação de porcos e galináceos,
com a mesma descontracção que então se discutia
o tamanho dos preservativos e os defeitos dos olhos
das batatas .
E todos continuam emaranhados com as vantagens
de manter o défice num valor calculado ao calhas .
Pobre Europa ...
E os mortos, os doentes e os esfaimados, vão-se amon-
toando às portas da nova cortina de ferro gigantesca,
criando um imenso campo de concentração, fazendo
lembrar os horrores da IIª, Guerra Mundial .
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