domingo, 20 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 2 .

Foi então que a minha vida deu um 
enorme trambolhão .

O meu pai sabia do meu jeito para o desenho .

Um dia, sem que nada o fizesse prever, inscreveu-me na
Escola da noite, na Escola Campos Melo, da Covilhã,
no Curso de Debuxador, acumulando com os estudos do
liceu, no Colégio Moderno, daquela cidade .
Eu nem sabia o significada daquela palavra .

Começava então a minha vida de duplo malandro .

Malandro de dia .

Malandro de noite .

Malandro a todo o terreno.
Malandro profissional,

Como era necessário fazer um estágio, ainda me sobravam 
algumas horas para frequentar a Fábrica dos Rosetas, junto
ao local onde hoje funciona a Universidade da Beira Interior .

Dirão alguns,
mas o que é que isso tem a ver com as aguarelas ?
Tudo, responderei eu .

De repente,
passei de menino a adulto,
de uma noite para a outra .
Aos 14 anos, ganhei a chave de casa,
quase nunca não via a família,
a minha mãe preparava-me o jantar à pressa, 
comia à parte,
era a única parte do dia que com ela convivia,
chegava a casa às horas que me apetecia,
sem dar cavaco a ninguém .

Mas tinha-me libertado das aulas de música,
de passear o cão à noite,
e dos trabalhos de casa quotidianos .

Era quase livre .

E então as aguarelas ?1.
.