Tinha começado a minha 2ª. vida .
Foi como se tivesse emigrado para um país novo .
Novos horários, novas rotinas, novos companheiros,
novos problemas, novas brincadeiras .
À dureza do Inverno,
juntou-se a dureza das condições de vida,
feito homem muito antes da idade adequada .
Tornei-me adulto à força .
Mas como dizia o outro :
Ai aguentas, aguentas .
Adaptei-me rapidamente ao novo cenário,
como no romance de Redol,
A Lã e a Neve .
As escolas da noite,
são uma desesperada esperança, a última e mais dramática
captação de alunos de cadeiras profissionais,
trabalhadores a tempo inteiro,
a quem se dá a última oportunidades de singrar na vida .
O meu Pai nem a isso teve direito,
acabou a 4ª. classe e empregou-se no escritório
de um advogado .
A sua formação foi a vida,
e um curso de contabilidade por correspondência .
A vida depressa nos ensina o essencial .
O horário da Escola era das i9 às 23 .
Rapidamente fiz amigos :
O Raul Peixeiro, o Cunha e o Paixão .
Uma espécie de D/Artagnan e os 3 Mosqueteiros .
Escolhi-os por serem amigos à primeira vista,
com idade mais próxima da minha
e por serem de classe humilde .
Foi então que comprei o material escolar,
uma caixa de guaches novinha em folha,
papel de Debuxo,
com um quadriculado muito pequenino
e um conta-fios .
Não eram ainda as aguarelas,
mas estava lá muito perto .
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