segunda-feira, 21 de março de 2016

AS MINHAS AGUARELAS - 3 .

Tinha começado a minha 2ª. vida .
Foi como se tivesse emigrado para um país novo .
Novos horários, novas rotinas, novos companheiros,
novos problemas, novas brincadeiras .

À dureza do Inverno,
juntou-se a dureza das condições de vida,
feito homem muito antes da idade adequada .
Tornei-me adulto à força .
Mas como dizia o outro :
Ai aguentas, aguentas .

Adaptei-me rapidamente ao novo cenário,
como no romance de  Redol, 

A Lã e a Neve .

As escolas da noite,
são uma desesperada esperança, a última e mais dramática
captação de alunos de cadeiras profissionais,
trabalhadores a tempo inteiro, 
a quem se dá a última oportunidades de singrar na vida .

O meu Pai nem a isso teve direito,
acabou a 4ª. classe e empregou-se no escritório 
de um advogado .
A sua formação foi a vida,
e um curso de contabilidade por correspondência .

A vida depressa nos ensina o essencial .

O horário da Escola era das i9 às 23 .
Rapidamente fiz amigos :

O Raul Peixeiro, o Cunha e o Paixão .

Uma espécie de D/Artagnan e os 3 Mosqueteiros .
Escolhi-os por serem amigos à primeira vista,
com idade mais próxima da minha
e por serem de classe humilde .



Foi então que comprei o material escolar,
uma caixa de guaches novinha em folha,
papel de Debuxo,
com um quadriculado muito pequenino
e um conta-fios .

Não eram ainda as aguarelas,
mas estava lá muito perto .
.