quarta-feira, 26 de abril de 2017

A GUERRA DAS PALAVRAS .

A contra informação .

Rádio Moscovo não fala verdade (não fala verdade) .
Quase todos os dias eram-mos metralhados com a propa-
ganda emanada por um senhor, de sua graça Ferreira da 
Costa, um tipo de extrema direita, na rádio e na televisão, 
cantando loas acerca da guerra colonial, e das suas benes-
ses .

Não era fácil saber-se a verdade acerca dessa guerra, pois
a censura feroz nada deixava transpirar, e os soldado tin-
ham medo e eram instrumentados a  manter segredo de 
tudo o que acontecia em África .

A solução era tentar ouvir outras rádios internacionais, de
preferência a BBC . 
Ouvia-se, às escondidas, a rádio Argel, onde pontificava o
camarada Manuel Alegre, e ainda a rádio Moscovo .

Era outra guerra, a guerra do silêncio e do boato, quase tão
mortífera como a guerra real .

A certa altura foi criado na RTP, um programa sobre a guer-
ra colonial, que era assegurada por Júlio Isidro, alferes do Ser-
viço Cartográfico do Exército, da Divisão de Fotografia e Cine-
ma, chefiada pelo então Major Babtista Rosa, que era também
alto funcionário da RTP .

Uma das tarefas da minha tropa, era visionar cópias de filmes,
cedidos pela Embaixada Americana, seleccionar aqueles que pu-
dessem ser vistos pelos nossos soldados, na Metrópole e nas ini-
dades instaladas em África, filmes que não perturbassem o mo-
ral e ajudassem a distrair a malta .

Mas, à medida que a guerra subia de tom, foram utilizados ou-
tros métodos de obtenção do informação mais sofisticados, mas
isso era já de outro domínio .
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