segunda-feira, 24 de abril de 2017

A SANGRIA DE UM POVO .

Nunca ninguém os soube contar .

Cem mil fugidos ao Serviço Militar .

8 Mil desertores .

Quase um milhão de soldados feitos à pressa,
feridos e estropiados às dezenas de milhares .
Mortos, em todos os lares de Portugal .
Apanhados na vertigem do stress pós traumático .
Lares desestruturados sem conta .
Pais que ficaram sem filhos .
Filhos que não chegaram a conhecer os pais .

Um País dilacerado, migado aos pedaços, desconjuntado,
sem passado e sem futuro .

Portugal empobrecido pela falta de muitos dos maia aptos,
dos mais capazes, País sempre ferido, sempre adiado, exau-
rido, roído até ao osso .

E a raiva dos que passaram pela guerra, a dor dos que fica-
ram, a saudade dos que partiram, e a ira e a incompreensão 
dos que foram obrigados a retornar .

E tudo foi cicatrizando lenta e dolorosamente,  suportando
o enorme choque social, psicológico, económico e político, de
que ainda não recuperamos totalmente .

É muito para um povo enorme, fechado num País tão peque-
no e tão desgraçado .

A minha geração viveu tudo isso e muito mais, sem um pio,
mas com uma revolta do tamanho do Mundo .
.