O AROMA DO CAFÉ .
A primeira fase da guerra,
foi o levantamento dos cadáveres dos colonos e de suas famílias .
Para Angola já, e em força .
Depois a defesa das grandes fazendas do Norte, a criação de
fortificações .
Só mais tarde se começou a organizar a defesa em profundi-
dade, criando aquartelamentos e fornecedo apoio aéreo .
Onde paravam então os grandes fazendeiros, os grandes capi-
talistas, os donos disto e daquilo tudo, os capitães do café, dos
diamantes, do amendoím, da soja e do sisal .
A guerra foi-se instalando por toda a parte .
Onde andavam nessa altura os valentes colonos,
tratavam da sua vidinha, dos seus negócios, tudo corria bem pa-
ra os habitantes das terras maiores .
Como era bom viver naqueles espaços a perder de vista, curtindo
os famosos safaris, indo às compras na África do Sul, o paraíso
sonhado pelas classes médias, ou ainda gozando as merecidas féri-
as pagas, na longínqua metrópole .
A guerra era lá bem longe, na mata, no capim, nas picadas arma-
dilhadas, no matraquear das armas automáticas, no rebentar dos
morteiros, no explodir das minas assassinas .
Depois no silêncio imenso da espera, nos sons invisíveis e desconhe-
cidos da selva, nas noites de insónia em alerta mortal .
Angola é nossa, Angola é nossa .
Passou mais de um milhão de soldadinhos e chumbo por essas guer-
ras idiotas, devido à cupidez e à ganância,
à ordem de um velho ranhoso e medricas, que nunca teve tomates
para visitar as colónias portuguesa, pois tinha horror de viajar de
avião .
Onde estiveram, durante esses anos perdidos, atarefados na sua vida
pequenina e mesquinha, esses heróis africanos, combatentes de língua,
que depois fugiram com o rabinho entre as pernas, quando a borrasca
lhes bateu à porta .
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