segunda-feira, 3 de abril de 2017

NEM BOM VENTO, NEM BOM CASAMENTO .

Um País em fuga .

Não me lembro já muito bem se foi a guerra que começou 
primeiro, se foi ela que precipitou a fuga em massa para
França e Aragança . 
Os dois fenómenos decorriam de par em par .

Portugal, país pobre e atrasado, em todos os aspectos, vivia
encarcerado entre o mar e a raia espanhola .

Os pobres mancebos, muitos dos quais nunca tinham lobri-
gado o mar, viviam no campo, numa agricultura de subsistên-
cia, aproveitando a terra pobre herdada pelos ancestrais ,
trabalhado de sol a sol, para prover ao sustento das das gen-
tes .
.

Salazar tinha instituído o prémio para a família mais numerosa
de Portugal . Sempre eram mais bocas para atacar a terra com
sacho e ancinho .

Talvez que tenha sido a fome, o rastilho para desencadear a fu-
ga desenfreada e à pressa, de muitos milhares de almas, grande
parte a salto de lapin, correndo enormes riscos e esgotando os
fracos proventos amealhados para uma viagem sem retorno à 
vista .

A guerra colonial viria acelerar o processo de abandono do país,
cada vez aceleradamente, à medida que os combates se estendiam
pelo capim e pela selva africana .

Saíam barcos carregados de homens, a caminho de Angola, Mo
çambique e Guiné Bissau .

Muitos não sabiam ler, nem escrever, e não entendiam por que
razão os arrancavam da terra natal, para ser obrigados a comba-
ter numa numa guerra, que nem sequer sabia com quem e por-
que lutavam .

Foi talvez a maior sangria levada a cabo pelos mordomos de Sa-
lazar e seus esbirros .

Iríamos atravessar décadas de fome, de miséria e morte, que nun-
ca mais poderíamos colmatar .