quinta-feira, 6 de abril de 2017

NO REGRESSO VINHAM TODOS .

O NOSSO CAMARADA VASCO .

Colega e amigo no Liceu de Castelo Branco,
quem havia de dizer que o pacholento Vasco, viria a ser
um herói de Abril, membro destacado do MFA .

Viria a voltar a conviver com ele, juntamente com outros ami-
gos albicastrenses, na Pastelaria Mexicana .

" No regresso, vinham todos"

é um pequeno livro, contado na 1ª. pessoa, que evoca as aven~
turas da guerra de África .

Preparar pobres mancebos, em meia dúzia de semanas, 
era uma tarefa quase impossível .

O inimigo era calejado e astuto . Conhecia o terreno, os usos e
costumes da região, a fauna e a flora, os cheiros e os ruídos da
selva .

Os recrutas eram embarcados à pressa, enviados de barco para
Luanda, aguardavam o baptismo de guerra, no Norte de Angola .

Eram os 

maçaricos,

nada percebiam do que se passava em seu redor .

Nas primeiras patrulhas em que participavam, havia sempre bai-
xas do nosso lado .

Levavam meses a aprender a brincarao jogo 
da morte .

Muitos caíam na picada, ceifados pelas minas anti-pessoal .
O comandante de pelotão, por norma um jovem oficial miliciano,
cedo aprendeu a usar um uniforme descaracterizado, passando a 
ficar disseminado no meio do grupo, eviatndo, desse modo, ser o al-
vo preferencial dos guerrilheiros .

Quando o chefe era abatido, estabelecia-se o caos entre a tropa .

Aprendeu-se a evitar o meio do caminho e a pisar o terreno, com
todo o cuidado, nas bermas do atalho .

A ver, sem ser visto,
a ouvir, sem ser ouvido .

A evitarem a deslocar-se em molhada, mas mantendo uma distân-
cia de segurança entre todos .

É claro que estas regras não evitavam os ataques aleatórios .

Aleatórios eram também os lugares que os soldados tinham na 
bicha de pirilau 

uns um sorteados ao acaso, outros ocupados por voluntários,
que seleccionavam o seu lugar na sorte, naquele dia, naquela ma-
rcha .

Só que, por vezes, a sorte era-lhe muito 
tragicamente madrasta . 
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