Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho
Naquela altura, ainda não tinha inventado a Troika, nem o FMI .
Os homens vasculhavam os sótãos das casas, cheias de teias de
aranha, e ratos, em busca de qualquer tralha velha, que pudesse
ter algum proveito.
Nas casas com alguma lavoura, a busca era mais apurada, pesqui-
sando pedaços de alfaias arrumadas ao acaso, peças já gastas ou
em desuso, pregos, parafusos, lâmpadas fundidas, bugigangas sem
destino, tudo servia para engrossar o saco dos restos sem serventia .
Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho
Vinham de todo o lado, por vales e montanhas, com sacos de serapi-
lheira às costas, percorriam a vila, gritando bem alto, para depois
irem recolher o magro espólio arrebanhado .
Era o meu tio Alberto, de São Martinho, um parente meu, que comer-
ciava tudo, que recolhia e separava toda essa tralha, arrumando-a em
grandes caixotes, que tinha nos fundos da sua loja .
Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho
De tempos a tempos, vinham à Vila comerciantes, traziam camionetas
que levavam todo esse material para longe, Porto ou Lisboa, para se-
parar os metais, o ferro, o cobre e o estanho, para serem fundidos e ten-
tar rentabilizar o que restava daquela amálgama, para outros fins .
Ferro velho
Papéis velhos
Farrapos
Peles de coelho .
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