Paris tornou-se uma referência vital na minha vida .
O mundo, naquele tempo , era muito menos anglo--saxónico .
Usava a chamada língua técnica, por oposição da língua das
humanidades, da Arte e da Cultura, até mesmo da Ciência e da
Literatura .
Foi nesse caldo que a vida me abriu novos horizontes .
Lia livros proibidos na Livraria Barata, perseguida pela Pide, e
algumas obras passaram a ser-me vendidas em segredo, por baixo
do balcão, privilégio só dado a pessoas amigas e conhecidas .
Depois, quando comecei a viajar, um pouco por toda a Europa,
era em Paris que descansava o meu espírito .
Lembro-me da 1ª. vez que visitei o Museu
do Louvre .
Lá estava quase inteiro, o meu mundo, A Mona Lisa e todos os
Impressionistas, Chagall, Os Nenúfares, de Monet, o Jogador,
de Cezanne, Manet, Pissarro, Rodin, Picasso, as Montanhas,
as Loucuras e os Girassóis de Van Gogh, com a orelha cortada,
numa noite de bebedeira,
Poussin, Rousseau, Gauguin, e tantos, e tantos outros, que a mem-
ória já vai deixando para trás .
Tinha chegado ao Paraíso ...
Tinha visto vezes sem conta, a exposição sobre os cem anos
da Pintura Moderna, na Sociedade Nacional de Belas Artes,
que foi então o meu portal de entrada para a Pintura, revisi-
tado sempre que ia à Cidade das Luzes .
Depois chegou o Centro George Pompidou,
e mais tarde ainda, o Museu d/Orsay , que com o Louvre,
formavam uma tríade maravilhosa, que alimentou o meu Ego
para todo o sempre .
Foi esse o grande legado entregue nas mãos
da Humanidade .
Espero, sinceramente, que tal legado permaneça inamovível, para
todo o sempre .
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