segunda-feira, 8 de maio de 2017

A ÚLTIMA VEZ QUE VI PARIS .

Paris tornou-se uma referência vital na minha vida .
O mundo, naquele tempo , era muito menos anglo--saxónico . 
Usava  a chamada língua técnica, por oposição da língua das 
humanidades, da Arte e da Cultura, até mesmo da Ciência e da
Literatura .
Foi nesse caldo que a vida me abriu novos horizontes .
Lia livros proibidos na Livraria Barata, perseguida pela Pide, e
algumas obras passaram a ser-me vendidas em segredo, por baixo
do balcão, privilégio só dado a pessoas amigas e conhecidas .

Depois, quando comecei a viajar, um pouco por toda a Europa, 
era em Paris que descansava o meu espírito .

Lembro-me da 1ª. vez que visitei o Museu 
do Louvre .

Lá estava quase inteiro, o meu mundo, A Mona Lisa e todos os
Impressionistas, Chagall, Os Nenúfares, de Monet, o Jogador,
de Cezanne, Manet, Pissarro, Rodin, Picasso, as Montanhas, 
as Loucuras e os Girassóis de Van Gogh, com a orelha cortada,
numa noite de bebedeira, 
Poussin, Rousseau, Gauguin, e tantos, e tantos outros, que a mem-
ória já vai deixando para trás .

 Tinha chegado ao Paraíso ...

Tinha visto vezes sem conta, a exposição sobre os cem anos
da Pintura Moderna, na Sociedade Nacional de Belas Artes,
que foi então o meu portal de entrada para a Pintura, revisi-
tado sempre que ia à Cidade das Luzes .

Depois chegou o Centro George Pompidou,
e mais tarde ainda, o Museu d/Orsay , que com o Louvre, 
formavam uma tríade maravilhosa, que alimentou o meu Ego 
para todo o sempre .

Foi esse o grande legado entregue nas mãos 
da Humanidade . 

Espero, sinceramente, que tal legado permaneça inamovível, para
todo o sempre .
.