40 Anos, o período de nojo .
Costuma ser este tempo, aquele que é guardado para manter
a História fixada na memória, guardando reserva de factos e
acontecimentos susceptíveis de gerar controvérsia, em especi-
al quando eles ainda estão relacionados com os protagonistas
históricos, muitos deles ainda vivos .
O tema é, ainda hoje, considerado tabu, mas é tempo de aquele
períoda da nossa história, começar a ser abordado de maneira
desapaixonada, e seja estudado de uma maneira sistematica-
mente e sem alibis, por quem de direito .
Guardo pessoalmente memória dos relatos feitos nessa altura,
relatos vividos e contados a quente, envolvendo familiares e ami--
gos, sobre um tema completamente transversal, que apanhou ge-
rações inteiras, e que varreu a sociedade portuguesa, numa ver-
dadeira tempestade tropical, de intensidade importante, mas lon-
ge dos dramas e problemas sofridos no decurso de outras desco-
lonizações, ocorridas por exemplo, em países como a França , a
Bélgica, a Inglaterra ou a Espanha .
Mas não poderei calar as razões evocadas por ambos os lados de
um assunto, envolvendo ainda zonas de ódio, entre os que partir-
am para longe, os que ficaram eos que foram obrigados a regres-
sar .
Uns e outros, e todos, têm as suas razões cravadas fundo, mas pen-
so que todos, a seu jeito, têm razões de sobra, para se sentirem or-
gulhosos da Epopeia da Descolonização Portuguesa, vivida com
sofrimento, mas sem qualquer derramamento de sangue .
Muitas feridas foram abertas, mas a grande maioria delas já se
encontra sarada .
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