As almas sensíveis
não gostam de matar galinhas,
mas adoram comê-las .
Longe da vista, longe do coração .
Durante os 14 anos de Guerra Colonial, guerra quente e bem quente,
vivemos o dia a dia de uma catástrofe engendrada pelos nossos falsos
patriotas de pacotilha . Gente sem escrúpulos, onde imperava a igno-
rância casada com o amor ao dinheiro e com a ganância desmedida, de
uns quantos, à custa de tantos outros .
Para esses parasitas, a guerra era o café e o cacau, o ouro e os diaman-
tes, os minérios e as outra matérias primas, a troco de panos e bugigan-
gas e vinho estragado .
Era o negócio, o açambarcamento das riquezas de um quase continente,
teritório rico em tudo, menos na massa cinzenta dos nossos governantes .
Não é possível contabilizar os despojos desta guerra madrasta, sem ter
em linha de conta, os quinhentos anos de cobiça e de rapina, de tráfico
desbragado de escravos, espalhados pelos 5 continentes, como força de
trabalho, boa e barata, ao dispor de um bando de colonos assassinos,
ávidos de sangue e de benesses .
Sei que é feio falar dessas coisas, que parecem retiradas do contexto da
História, mas gravadas no sangue e no sofrimento de milhões de homens,
mulheres e crianças, cujo único pecado, foi terem uma cor diferente dos
belos caucasianos, loiros e morenos, bem educados e bem prendados, que
tinham adquirido o privilégio de matar vilanagem, para espalhar a fé
cristã .
Foi esse o principal despojo que os portugueses
trouxeram de África .
Outros se seguiram .
Já que estamos numa de Fátima,
quando é que o Papa Francisco arranja alguns
minutos, para rogar por nós, perdão pelas malfei-
torias cometidas em nome desta gente tão temente
a Deus, durante os séculos de colonização e evangi-
lização da África Portuguesa .
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