Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal .
Já há muito que esgotei a minha contribuição de sal .
As agruras e os desgostos que fui padecendo, secaram-me por
dentro e por fora .
Ás vezes ainda choro, choro de desgosto e de dor, mas nada sai
dos meus olhos já cansados .
Choro do peito e do coração,
mas mas fico seco, como peixe a esturricar ao sol .
Choro em sonhos, que me mortificam e que me assustam .
Choro do meu cérebro, maltratado, fustigado, porque tem ainda
imensas memórias das maldades por que passei .
Dizem que um homem não devem chorar, mas é porque tem
inveja ou vergonha .
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