segunda-feira, 22 de maio de 2017

Lágrimas de sangue .

Ó mar salgado,
quanto do teu sal
são lágrimas de Portugal .

Já há muito que esgotei a minha contribuição de sal .

As agruras e os desgostos que fui padecendo, secaram-me por 
dentro e por fora .

Ás vezes ainda choro, choro de desgosto e de dor, mas nada sai
dos meus olhos já cansados .

Choro do peito e do coração, 
mas mas fico seco, como peixe a esturricar ao sol .

Choro em sonhos, que me mortificam e que me assustam .

Choro  do meu cérebro, maltratado, fustigado, porque tem ainda
imensas memórias das maldades por que passei .

Dizem que um homem não devem chorar, mas é porque tem  
inveja ou vergonha .  
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