Como eu gostava de acreditar
em milagres ...
Talvez o meu filho se tivesse safado do cancro assassino
que o derrubou .
Talvez que se houvesse Deus, talvez Ele se tivesse apieda-
do do sofrimento inaudito por que passou, e O tivesse pou-
pado dos horrores vividos durante o inferno da doença te-
naz, dando-Lhe algumas tréguas, por momentos .
Não seria preciso um grande milagre, talvez uma pequena
ajuda que O tivesse livrado, por mais algum tempo e Lhe
concedesse algum alívio a prazo, que Lhe minorasse o cor-
po e o espírito .
Ai, se houvesse milagres .
O Mário Pedro era uma daquelas pessoas que merecia um
pequeno adiantamento, de modo a poder acabar algumas
das importantes tarefas que tinha entre mãos, uma pequena
bolsa de tempo, não era preciso pedir muito, bastavam-lhe
alguns créditos, para acabar a sua obra .
Como seria bom beneficiar de um Milagrezito, que pudesse
alongar algum tempo de felicidade e de bem estar, cá na ter-
ra, mesmo que tivesse que pagar, e com juros elevados, para
saldar a sua dívida no Além .
Ai, se houvesse milagres ...
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